Esta é provavelmente a última vez que vos escrevo daqui, da minha casa nos últimos 6 anos. No fim desta semana vou trocar Coimbra pelo Porto e começar uma vida nova! Às vezes ainda sinto um aperto no estômago, vem-me aquele inevitável
ai-meu-deus-o-que-é-que-estou-a-fazer de quem deixa o certo pelo incerto, o conhecido pelo desconhecido... Mas no minuto a seguir inundo-me de esperança e sinto que pela primeira vez estou a fazer algo realmente meu, a ir atrás do meu sonho. E no meio disto tudo sinto também um orgulho a aquecer-me o coração, aquele orgulho bom, de quem decidiu mudar a vida e escrever um novo futuro. Pode até não correr bem, mas esse orgulho, esse sei que me vai acompanhar para o resto dos tempos.
Agora tenho a minha vida em caixotes e vou-me despedindo aos poucos desta minha cidade de 14 anos. Será mesmo verdade que tem mais encanto na hora da despedida? Tantas histórias e memórias que habitam nestas ruas...
E na minha cozinha já só se preparam comidas simples e leves para poder aproveitar até à ultima a magnífica luz da casa, como esta massa cheia de sabores de Verão, óptima para comer no sofá a olhar pela janela e sonhar.
Deixo-vos com este poema de Pablo Neruda que tão bem me tem acompanhado:
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo...
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece...
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is"em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa
quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige
um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
Até ao Porto e... Happy Meatless Monday! *
Ingredientes (para 2 pessoas)
220g de Massa Fusili
200g de Courgette
6 Cogumelos Brancos
1/2 Cebola
2 dentes de Alho
1 pedacinho de Raiz de Gengibre
Raspa de 1/2 Limão
Tomilho
Azeite
Sal Marinho
Pimenta Preta moída na hora
Funcho e Sementes de Chia para servir
Preparação
Encher um tacho fundo com água temperada com sal e um fio de azeite e deixar levantar fervura para colocar a massa a cozer.
Num frigideira refogar a cebola cortada em rodelas finas num pouco de azeite.
Picar o alho e o gengibre e acrescentar à cebola quando esta começar a caramelizar.
Lavar e cortar em fatias finas os cogumelos e juntar ao refogado.
Misturar a raspa de limão e o tomilho e deixar cozinhar em lume médio uns 3 minutos.
Lavar e cortar a courgette em tiras e acrescentar aos cogumelos misturando.
Temperar com sal e pimenta e deixar cozinhar entre 5 a 7 minutos até os legumes amolecerem.
Verificar a cozedura da massa e se estiver pronta, escorrer a água
(poupando um bocadinho para ajudar a envolver) e passar para a frigideira.
Sempre com o lume ligado envolver a massa com o refogado.
Servir salpicado de sementes de chia e umas folhinhas de funcho.
Adaptado do livro Refeições Rápidas, Passo a Passo da Love Food