Tudo o que precisam de saber sobre bowls - Bowl de Quinoa Aromática com Grão-de-bico Dourado, Kale e Molho de Abacate e Iogurte :: Bowls 101 - Herbed Quinoa Bowl with Golden Chickpeas, Kale and Avocado Yogurt Dressing

Recipe in English below

Como as coisas mudam num ano. Eu sei, parece um daquelas frases feitas da internet espalhadas por aí, mas não lhe consigo mesmo resistir. Há um ano estava atrás destas teclas a escrever um dos meus artigos mais pessoais de sempre e hoje é impossível não pensar em tudo o que aconteceu desde aí. Não sou de spoilers mas aviso que vem aí mais um artigo comprido por isso se estavam por cá no ano passado já sabem os procedimentos a seguir. Sentem-se no vosso cantinho mais confortável para ler tudo até ao fim ou saltem directamente para a receita bem lá ao fundo para ficarem a saber tudo sobre como fazer estas bowls. Eu percebo. Aos que chegaram agora, bem-vindos a blog com os artigos mais compridos do mundo!

Quando estava no auge da minha depressão, frases como a que iniciei este texto faziam-me formigueiro. Sentia-me presa no tempo, num loop infinito de pensamentos cinzentos em que nada parece mudar. Dia após dia. Ano após ano. Sempre o mesmo cinzento e a sensação de que estamos meramente a sobreviver à passagem das horas. Era inconcebível para mim que alguém tivesse a lata de sugerir que as coisas poderiam mudar enquanto eu me sentia a afundar lentamente num pântano sem esperança nem futuro. É. Coisa mesmo feia isto da depressão.  

Agora estou aqui, para trás e para a frente, à procura de palavras que não me soem terrivelmente a guru instantâneo mas a verdade é que sim, as coisas mudam mesmo e que um dia, mais tarde ou mais cedo, tudo se liga. Bem... Acho que é inevitável. Quem atravessa pântanos sai com habilitações para frases dignas de qualquer feed de instagram por aí.

Há um ano decidi mostrar toda a minha vulnerabilidade e despir-me desta doença. Foi um momento incrivelmente libertador e ainda me lembro bem de todo o carinho que senti e de todas as mensagens que recebi de quem também se perde nas areias movediças da alma e encontrou conforto nas minhas palavras. Ainda há muito a fazer para desmitificar e entender melhor as doenças mentais mas acredito mesmo que é na partilha que ganhamos mais força. 

Ter escrito tão abertamente sobre a minha depressão foi sem dúvida uma grande etapa num incrível processo de cura e autoconhecimento. Demorei algum tempo a assumir realmente isto e a libertar-me da imagem de perfeição que tinha imposto a mim própria e ao que achava que devia ser a minha vida. Acho que só quando finalmente me rendi a todas as minhas imperfeições, fraquezas e contradições comecei verdadeiramente esse caminho de cura. Foi preciso também perdoar muita coisa que trazia comigo e perceber que não é suposto andarmos por aí a carregar pesos mortos daquela maneira. Mas um dos grandes problemas da depressão é precisamente esse apego à dor e à tristeza, torna-se parte da nossa identidade e parece que não sabemos bem quem somos sem ela. Sim, também demorei o meu tempo a aprender como se faz isto do desapego.

Às vezes deixo-me levar pela sensação que perdi tempo demais com isto, que desperdicei demasiados anos às voltas no meu pântano. Mas a verdade é que passar por estas coisas é uma experiência humana tão válida como todas as outras. A minha depressão marcou-me para sempre e faz parte de mim. Não faço a mínima ideia do que teria conseguido ou onde estaria se não tivesse acontecido, mas não faz mal. Estou aqui agora. Cheia de frases feitas, chavões e clichês de todo o tipo, mas aqui e orgulhosa do meu caminho. Vá... Eu prometo que paro. 

No último ano aconteceu mesmo muita coisa. Mudei de cidade, matriculei-me no curso que queria fazer há séculos, escrevi mais um livro que me deixa muito vaidosa, mas acima de tudo voltei a sentir-me inteira. Plena. Não sei bem explicar esta sensação e também não sei muito bem quando aconteceu realmente, mas sinto-me de volta e vou querer saborear isto por uns tempos.

Pronto... Balanço feito. Ano em dia. Vamos ao que interessa e falar de comida. 

Este género de bowls são o meu tipo de refeição preferido e a julgar por esses instagrams fora também de umas quantas bloggers. A transbordar de legumes, super nutritivas e muito coloridas, adaptam-se a todas as estações do ano, e são provavelmente a melhor maneira de aproveitar o que temos no frigorífico. No fundo são uma salada muito completa e podem ser facilmente transformadas em deliciosas marmitas! Não têm propriamente uma receita, mas seguem algumas linhas de base: 2 partes de legumes e verduras + 1 parte de cereais integrais + 1 parte de proteínas. Depois podemos acrescentar alguns ingredientes extra e deliciosos molhos que para além de complementarem a bowl são uma óptima maneira de trazer mais nutrientes para a vossa refeição!

Neste artigo vão encontrar de uma bowl completa com quinoa aromática com grão-de-bico dourado, kale massajado e um incrível molho de abacate e iogurte, mas é muito raro aparecerem 2 bowls iguais nesta cozinha. Aproveitem as ideias abaixo para criarem as vossas e deixem-se levar pelos sabores das estações.

Legumes & Vegetais 

São a base da bowl e podem ser crus, cozidos ou assados.

Batata-doce / Abóbora / Beterraba / Brócolos / Couves / Espinafres / Acelgas / Agrião / Courgette / Cenouras / Rabanetes

Cereais Integrais

Normalmente sem glúten

Arroz / Amaranto / Millet / Milho / Quinoa / Trigo-sarraceno

Proteínas

Normalmente vegetais

Leguminosas / Tempeh ou Tofu / Hummus e Dips

Extras 

Abacate / Germinados / Micro Vegetais / Oleaginosas ou Sementes / Chucrute / Kimchi / Pickles / Frutas Desidratadas / Ervas Aromáticas / Óleo de Cânhamo ou Linhaça


Molhos
Fundamentais para dar carácter à vossa bowl! Para quem faz marmitas para o trabalho o melhor é colocar o molho num frasquinho à parte para temperar mais tarde. Para além do delicioso molho que vos mostro mais abaixo e o do artigo anterior, estas são algumas das minhas combinações favoritas:

Tahine + Limão + Alho + Água
Creme de Caju + Limão + Alho
Azeite + Limão + Ervas Aromáticas picadas
Azeite + Vinagre de Cidra + Mostarda + Geleia de Tâmaras
Azeite + Tamari + Óleo de Sésamo + Alho + Gengibre

Bowl de Quinoa Aromática, Grão-de-bico Dourado e Kale com Molho de Abacate e Iogurte
V / SG
2 pessoas

Ingredientes

Quinoa Aromática

200 g de Quinoa cozida *
1 mão cheia de ervas aromáticas a gosto
1 colher de sopa de Azeite

Grão-de-bico Dourado
250 g de grão-de-bico cozido
1 colher de sopa de Azeite ou óleo de coco
1 colher de chá de curcuma em pó
1/2 colher de chá de caril em pó
1 colher de chá de paprika
1 pitada de pimenta caiena
Sal marinho
Pimenta preta moída na hora

Kale Massajado
4 folhas de couve kale
Sumo de ½ limão
Sal marinho

Molho de Abacate e Iogurte
1 abacate
1 dente de alho
1 mão cheia de coentros
½ colher de chá de cominhos em pó
2 colheres de sopa de iogurte natural
4 colheres de sopa de água
Sal marinho
Pimenta preta moída na hora
Sumo de ½ limão

Para servir
2 cenouras, cortada em fitas
2 colheres de sopa Chucrute
Sementes de sésamo pretas

Preparação
Comece por arranjar a couve kale. Retire os talos mais grossos e parta as folhas grosseiramente com as mãos.
Misture o sumo de limão e um pouco de sal e amasse a couve até ficar mais escura e tenra. Reserve.

Numa frigideira aqueça um pouco de azeite ou óleo de coco.
Salteie o grão-de-bico com as especiarias por 2 a 3 minutos até ficar bem douradinho.

Misture a quinoa cozida com as ervas aromáticas picadas e um fio de azeite.

Coloque todos os ingredientes do molho num processador de alimentos ou num liquidificador e triture até obter um molho cremoso, acrescentando mais água aos poucos até obter a consistência desejada. Verifique os temperos e rectifique se necessário.

Escolha 2 taças bonitas. Encha cada 1 com 1 porção da quinoa, grão-de-bico dourado, couve kale, a cenoura, chucrute e 1 colherada generosa do molho.

Salpique com as sementes de sésamo e sirva.

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* 100 g de Quinoa crua
Para cozer a quinoa coloque-a de molho entre 1 a 8 horas em água abundante.
Escorra bem a água de demolhar e lave a quinoa até sair água límpida.
Coza a quinoa no dobro de água a ferver com uma tira de alga kombu (opcional) e uma pitada de sal por 10 a 15 minutos até água evaporar e se formarem pequenos buraquinhos na superfície.

Herbed Quinoa Bowl with Golden Chickpeas, Kale and Avocado Yogurt Dressing

V / GF

serves 2

Ingredients

Herbed Quinoa

200 g of cooked Quinoa *

1 hand full of aromatic herbs to taste

1 tablespoon Olive Oil

Golden Chickpeas

250 g cooked chickpeas

1 tablespoon olive oil or coconut oil

1 teaspoon curcuma powder

1/2 teaspoon curry powder

1 teaspoon paprika

1 pinch of cayenne pepper

Sea salt

Ground black pepper

Massaged Kale 

4 kale leaves 

½ lemon juice

Sea salt

Avocado and Yogurt Dressing

1 avocado

1 clove garlic

1 handful of cilantro

½ teaspoon cumin powder

2 tablespoons plain yogurt

4 tablespoons water

Sea salt

Ground black pepper

½ lemon juice

To serve

2 carrots, cut into ribbons

2 tablespoons Sauerkraut

Black sesame seeds

Directions

Remove the thicker stems of the kael and roughly split the leaves with your hands.

Mix the lemon juice and a pinch of salt and massage the kale until it becomes darker and tender. Reserve.

Heat a drizzle of olive or coconut oil in a frying pan.

Sauté the chickpeas with the spices for 2 to 3 minutes until golden.

Mix the cooked quinoa with the chopped herbs and a drizzle of olive oil.

Put all of the dressing ingredients in a food processor or a blender and mash until creamy, adding more water gradually until desired consistency is achieved. Check the seasonings and rectify if necessary.

Choose 2 beautiful bowls. Fill each 1 with 1 part quinoa, golden chickpeas, cabbage kale, carrot, sauerkraut and 1 generous spoonful of the sauce.

Sprinkle with the sesame seeds and serve.

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* 100 g of raw Quinoa

To cook the quinoa, soak it from 1 to 8 hours in plenty of water.

Thoroughly drain the water and wash the quinoa until clear water flows out.

Cook the quinoa in double boiling water with a strip of kombu seaweed (optional) and a pinch of salt for 10 to 15 minutes until water evaporates and small holes form on the surface.