janeiro 10, 2025

Creme de Millet e Maçã - Cerelac Caseira


Se tens saudades da cerelac de fruta tens mesmo de experimentar este creme de millet! É um dos meus pequenos-almoços preferidos durante os meses mais frios, e é sem dúvida uma viagem no tempo taças cheias de cerelac que eu adorava quando era pequenina.

O que é o millet

O millet (também chamado de milho painço ou milho miúdo) é um pseudocereal de muito fácil digestão, ótimo para o nosso sistema digestivo e considerado um acalma estômago na macrobiótica. É um grão ancestral, mais antigo que o arroz, e começou por ser cultivado há milhares de anos no norte de África e Ásia.  

É uma ótima fonte de magnésio e vitaminas do complexo B e por por ser um pseudocereal não tem glúten (uma proteína exclusiva de alguns cereais). 

Pode ser usado cozido e solto como acompanhamento, ou transformado em purés ou cremes. Eu gosto especilamente de o usar ao pequeno-almoço em creme ou fazer purés com couve-flor ou batata/batata doce. 

É muito recomendado na macrobiótica durante o outono/inverno para ajudar fortalecer e aquecer o organismo. E quando combinado com abóbora é especialmente usado para tratar problemas gastrointestinais, pelo que se sentires algum tipo de desonforto digestivo podes também experimentar esta combinação. Podes cozer o millet com abóbora, fazer purés, sopas ou até usar os dois ingredientes nas tuas refeições cozinhados separadamente.

Este creme de millet e maçã é sem dúvida das minha formas favoritas de prepar millet. A combinação de ingredientes e a textura final fazem mesmo lembrar a cerelac e é ótimo para bebés e crianças! Na minha opinião, melhor ainda que a cerelac por ser completamente natural e feito por ti!

Para fazer este creme, basta cozer o millet com uma mistura de água e leite vegetal e maçã - que é o que dá o toque da cerelac. Eu gosto de juntar uma raspa de laranja, baunilha e uma pitadinha de sal para aquele vavavun extra. Depois triturar até ficar mega cremoso e servir bem quentinho. Neste usei maçã, romã, amêndoa lamianda, manteiga de amêndoa mel e pólen. Boa viagem no tempo!


Creme de Millet e Maçã
Vegan/Sem glúten

2 a 4 Porções
Tempo de preparação: 30 minutos


Ingredientes

200 g millet
300 ml de água
300 ml de leite da tua preferência*
1 a 2 maçãs
Raspa de laranja
½ vagem de baunilha raspada, opcional
1 pitada de sal

água + vinagre para demolhar

* para um creme extra guloso e cremoso podes usar metade desta quantidade leite de coco de lata e a outra metade leite vegetal

Para servir (sugestão)

Maçã
Bagas de romã
Amêndoa laminada
Manteiga de amêndoa
Mel
Polen de abelhas

Preparação

Lava o millet, e se possível deixa-o de molho com um pouco de vinagre por pelo menos 6 horas, descartando a água de demolhar no fim. Podes acelerar este processo colocando de molho em água quente.
Coloca todos os ingredientes numa panela, incluindo as maçãs descascadas e cortadas em pedaços.
Deixa levantar fervura e reduz o lume para o mínimo.
Deixa cozinhar por 20 minutos
Tritura tudo com uma varinha mágica até ficar um creme bem macio.
Serve com os teus toppings preferidos.
Pode ser conservado no frigorífico até 5 dias.



janeiro 03, 2025

Kitchari - A receita detox da Ayurveda


Feliz Ano Novo!! Estes primeiros dias do ano são uma ótima altura de reflexão, intenção e motivação e desejo que alcances todos os teus objetivos e desejos para 2025!


Uma receita que eu adoro preparar nestes primeiros dias do ano é um kitchari.  O kitchari é uma receita fundamental na Ayurveda, conhecida pelo seu poder de limpar e equilibrar o organismo. Tudo o que precisamos depois do Natal e da passagem de ano, certo? 😉

Trata-se de uma refeição simples, altamente nutritiva e de fácil digestão, tradicionalmente preparada com arroz e lentilhas amarelas (não confundir com as lentilhas laranja, mais comuns no dhal). Estes ingredientes são cozidos lentamente numa combinação aromática de especiarias, criando um prato que nutre em profundidade sem sobrecarregar o sistema digestivo.

Por ser tão fácil de digerir, o kitchari dá um verdadeiro descanso ao trato gastrointestinal, ao mesmo tempo que fortalece o agni (o fogo digestivo) e equilibra os doshas – os três tipos de energia que, segundo a Ayurveda, nos constituem e influenciam o nosso bem-estar.

Na Ayurveda, o kitchari é muitas vezes utilizado como uma prática de mono-dieta, ou seja, pode ser consumido exclusivamente durante um período de 3 a 7 dias, permitindo ao corpo desintoxicar-se e reequilibrar-se profundamente. Esta abordagem é recomendada em momentos de transição, como no início de um novo ano ou após períodos de excessos alimentares.

Embora a versão clássica seja feita com arroz basmati, que é tridosha (ou seja, adequado para todos os tipos de constituição ayurvédica), é possível adaptá-lo a cada dosha:

Millet – indicado para equilibrar Kapha, especialmente útil no inverno.
Cevada – excelente para equilibrar Pitta, sendo uma boa opção para os meses mais quentes.
Especiarias personalizadas – a mistura de temperos pode ser ajustada conforme as necessidades individuais, tornando o prato ainda mais terapêutico.

Se quiseres descobrir qual é o teu dosha e como adaptar a alimentação ao teu tipo de constituição, podes explorar este teste: Banyan Botanicals – Dosha Quiz.

Mas para além de todas estas características terapêuticas, o kitchari é simplesmente a derradeira comfort food! Cremoso, reconfortante e cheio de sabor, é o prato perfeito para um jantar acolhedor numa noite fria de inverno.




Tal como em todas as receitas com muitas especiarias, gosto de começar por as cozinhar 1 a 2 minutos no ghee ou no óleo de coco. Chamo este método de "abrir especiarias" e falo nele sempre que ensino a fazer caril. Este pequeno passo não só permite que as especiarias libertem todos os seus aromas para a gordura utilzada, o que vai tornar tudo muito mais saboroso, como vai ativar e potenciar todas as propriedades das mesmas.

As especiarias não são apenas bomnbinhas de sabor, também estão carregadas de compostos antioxidantes, anti inflamatórios, antifúngicos, anti virais... Anti tudo o que não queremos, no fundo.

Depois disso, o processo é simples: junta-se as lentilhas demolhadas, o arroz, os vegetais e a água, e deixa-se cozinhar até obter uma textura cremosa, semelhante a umas papinhas de aveia. Para finalizar, adoro servir com um pouco mais de ghee, uma colherada de iogurte, coentros frescos e umas gotinhas ácidas de sumo de lima.

Kitchari
Sem glúten
4 pessoas

Ingredientes
125 g lentilhas amarelas ou feijão mungo
125 g de arroz basmati
1 colher de sopa de ghee ou óleo de coco para uma versão vegan
1 litro de água
150 de vegetais a gosto, opcional
Sal marinho
 
Especiarias
1 c.c. curcuma em pó
1 c.c. sementes de mostarda
1 c.c. sementes de cominhos
2 cm de gengibre fresco picado
1 c.c. de sementes de coentros*
1 c.c. chá de feno grego*
1 c.c. de cardamomo*
1 c.c. de folhas de caril*

* opcionais
 
Para servir
Coentros frescos
Iogurte natural
Lima

Preparação

Começa por lavar e demolhar as lentilhas entre 2 a 8 horas.
Arranja os vegetais, descascando e cortando com o formato pretendido.
Numa panela aquece o ghee e acrescenta as especiarias. Cozinha por 1 a 2 minutos até que comecem a libertar os seus aromas.
Escorre as lentilhas e coloca na panela juntamente com o arroz.
Envolve com as especiarias e deixa cozinhar por 2 ou 3 minutos.
Acrescenta os vegetais e água. Tempera com um pouco de sal, tape e deixa levantar fervura. Reduz para o mínimo e deixa cozinhar por 30 a 40 minutos mexendo ocasionalmente, até ficar semelhante a umas papinhas de pequeno-almoço.
Verifica os temperos e retifica se necessário.
Serve com um pouco de ghee, uma colherada de iogurte, coentros frescos e sumo de lima.
 
Notas:
As lentilhas amarelas, são os feijões mungo já partidos e sem a pele exterior, se não encontrares podes usar o feijão mungo inteiro deixando demolhar por mais tempo.

Podes usar qualquer vegetal que gostes, dando preferência aos da estação. Neste usei cenoura e espinafres (que acrescentei só no fim da cozedura) mas podes usar abóbora, curgete, batata-doce, couve-flor, brócolos, feijão-verde...

novembro 27, 2024

Massa com Molho de Abóbora e Tofu





Esta receita de massa com um molho cremoso de abórora e tofu, é a epítome de confort food. Rica, nutritiva, cheia de sabores e várias texturas diferentes... Per-fei-ta!

É uma receita simples, apesar de ter alguns elementos e ter o toque fancy da sálvia crocante e os chips de coco, que são opcionais claro mas que elevam esta receita a outro patamar. Fica pronta em 30 minutos e acontece praticamente tudo na mesma firgideira e a construção do sabor do molho começa logo com um azeite deliciosamente perfumado com a sálvia. Podes fazer o molho em mais quantidade e depois ires cozendo massa nos dias seguintes se quiseres repetir esta maravilha.




O primeiro passo é então fritar as folhas de sálvia até que fiquem crocantes e reservar para decorar o prato no final. Depois nesse mesmo azeite aromatizado vamos dourar o tofu temperado com paprika fumada e de seguida saltear cebola, alho até ficarem macios e acresentamos a abóbora, cajus e o tofu dourado. Fica tudo a cozinhar lentamente num caldo de vegetais* para um toque extra de sabor. Equanto isso fazemos os chips de coco fumado, irresistiveis a lembrar o crocante e sabor intenso do bacon, mas numa versão totalmente plant-based. É só misturar todos os ingredientes e levar ao forno por 10 minutos e ficas com um dos melhores toppings crocantes para as tuas refeições.

Quando a abóra estiver bem macia, colocamos tudo num liquidificador, juntamos levedura nutricional, miso e uma pitada de noz moscada e transformamos tudo num molho super cremoso, aveludado e cheio de umami!
Depois é só envolover com a massa cozida, servir num prato fundo e salpicar com o coco e a sálvia. Cada garfada é uma explosão de contrastes: o cremoso, o crocante, o doce, o fumado... Tudo junto numa massa que vai aconchegar-te até à alma!

Algumas notas: 

Podes usar abóbora hokkaido que é super docinha, tenra e não precisa de ser descacada ou abóbora manteiga que sugiro descascar por ter uma casca mais grossa.

O caldo de vegetais é das melhores formas de aumentares o sabor das tuas receitas. Eu faço o meu usando cascas e outros pedacinhos de vegetais que vou guardando num saco no congelador. Depois quando quero fazer caldo, fervo tudo por 1 a 2 horas e coou. Às vezes acrescento outros ingredientes como algas, especiairias, ervas aromáticas, cogumelos desidratados... Só não gosto de usar sal, para poder temperar melhor a receita onde depois uso o caldo, e também vegetais cruciferos porque acho que dão um sabor muito sulfurico ao caldo. 

Massa com Molho de Abóbora e Tofu

Vegan
Serve 2
Tempo de preparação: 30 minutos

Ingredientes

250 g de massa da tua preferência

Molho
200 g de tofu
1/2 cebola, picada
2 dentes de alho, picado
250 g de abóbora hokkaido cortada em cubos
1/8 c.c. de noz-moscada moída
1/2 c.c. de paprika fumada
50 g de cajus crus
30 g de levedura nutricional, opcional
250 ml de água ou caldo de vegetais
1/2 c.s. de miso, opcional
Sal marinho e pimenta preta moída, a gosto

Sálvia crocante
30 ml de azeite
5 ou 6 folhas frescas de sálvia

Chips de coco fumado
1 c.s. de azeite
1 c.s. de molho de soja
2 c.c. de paprika fumada
1 c.c. de molho picante, opcional
75 g de coco em lascas


Preparação

Chips de coco fumado
Aquece o forno a 175°C e coloca uma folha de papel vegetal num tabuleiro.
Mistura todos os ingredientes dos chips de coco com a exeção do coco numa tacinha.
Envolve cuidadosamente o coco no molho.
Espalha o coco pelo tabuleiro e leva ao forno por 10 min, vigiando para não queimar e mexendo a meio do tempo.
Quando estiver douradinho, retira do forno e deixa arrefecer totalmente para ficar bem crocante.

Massa
Aquece o azeite numa frigideira grande e funda em lume médio. Adiciona as folhas de sálvia e frita por 30 seg. Retira as folhas de sálvia e coloca-as num prato forrado com papel absorvente. Salpica com sal e reserva.
Esmigalha grosseiramente o tofu e coloca-o na mesma frigideira com o azeite onde fritaste a sálvia. Tempera com paprika fumada, sal e pimenta preta e deixa dourar por uns minutos. Retira o tofu para um prato.
Na mesma frigideira, adiciona a cebola picada e salteia por uns minutos até estar bem macia e translúcida. Junta o alho e deixa cozinhar por 1 min. Adiciona a abóbora cortada em cubos e tempera com sal, pimenta e noz-moscada. Mexe tudo. Adiciona os cajus, o tofu salteado e o caldo de vegetais. Deixa ferver e depois reduz o lume, tapando a frigideira, até a abóbora ficar macia e começar a desfazer-se, cerca de 15 min.
Noutra panela, coze a massa de acordo com as instruções da embalagem. Reserva um pouco da água da cozedura da massa.
Transfere tudo da frigideira para um liquidificador.
Junta a levedura nutricional e o miso. Tritura tudo até a mistura ficar cremosa e aveludada. Verifica os temperos e ajusta, se necessário.
Mistura a massa e o molho de abóbora na frigideira, em lume brando. Continua a mexer até tudo estar bem quente. Se o molho parecer demasiado espesso, adiciona um pouco da água da cozedura da massa ou caldo de vegetais. Prova e ajusta os temperos se necessário.
Serve a massa quente com a sálvia crocante e os chips de coco por cima